segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Concurso "Uma Aventura"

Este ano, por o consideramos  importante para desenvolver a escrita, a leitura e a criatividade, voltamos a participar no Concurso "Uma Aventura". 

Começámos por pensar num tema e, mais uma vez, o nosso texto vai estar ligado à Natureza, à biodiversidade e aos afetos.

As personagens seriam um idoso, os alunos de uma turma, a professora, os pais, ...

O nosso texto ficou pronto e o trabalho está submetido!

A professora lançou um desafio à Maria e à mãe,  o de ilustrar a história e logo este foi aceite!!



Uma Aventura... pelo Jardim das Boas Memórias"

À ida para a escola, sempre que estava bom tempo, o Martim e o Henrique, já próximo da escola, reparavam num senhor idoso, com um ar triste, sentado numa pedra num local seco e árido.

Quase todos os dias os gémeos comentavam  a observação, questionando o porquê de estar ali aquele senhor sozinho...


Numa das saídas de campo da turma passaram por aquele local e, como já era habitual, o senhor lá estava. Ao aproximar-se dele, os gémeos disseram à professora que  estavam intrigados por verem ali o senhor quase todos os dias e perguntaram-lhe se podiam conversar com ele. Ela concordou.

As crianças aproximaram-se e cumprimentaram-no. Ele respondeu-lhes com um sorriso no rosto. 

Os gémeos  ganharam coragem e perguntaram ao senhor o que fazia ali todos os dias.

- Eu vivo ali naquela casa e já tenho muita dificuldade em andar. Vivo sozinho porque os meus filhos emigraram e só me visitam no verão. Quando está bom tempo, gosto de me sentar nesta pedra a apanhar um bocadinho de sol. 

- Não acha este sítio um bocado vazio e desolador?- perguntou o Henrique.

- Este sítio já foi maravilhoso! Tinha muitas árvores e o chão, nesta altura do ano, parecia uma pintura ou um tapete florido. O que eu brinquei aqui!! Que boas memórias tenho deste bocadinho! Mas um dia, quando eu era pouco mais velho do que vocês, cortaram as árvores todas, e tudo mudou! Deixei de ouvir o chilrear dos pássaros, deixei de ver as abelhas e as borboletas que entretinham o nosso olhar. Aos poucos, a beleza desapareceu e o verde deu lugar ao castanho da terra seca. Nos dias primaveris, ainda consigo vir para aqui , mas no verão o calor é insuportável e tenho de ficar em casa.

Os alunos despediram-se e continuaram o seu caminho. Os gémeos não conseguiam tirar da cabeça as palavras do senhor António (a Susana tinha lhe perguntado o nome).

- Professora, temos de fazer alguma coisa para ajudar o senhor António! 

- O quê? - questionou a professora.

- Podemos ver de quem é o terreno e pedir ajuda à Junta de Freguesia ou à Câmara!

- Sim, e ao Parque das Serras do Porto, também!

- E as famílias podem colaborar neste projeto!

A professora concordou com todas as ideias apresentadas.

Nessa tarde, foram para o computador e escreveram mensagens aos possíveis parceiros. No dia seguinte tinham várias boas notícias! O terreno pertencia à Junta de Freguesia que se mostrou muito entusiasmada com a ideia de requalificar aquela zona. A Câmara e o  Parque das Serras disponibilizaram árvores já crescidas (isso era muito importante porque o senhor António precisava do seu cantinho urgentemente).

No dia combinado, um sábado, juntaram-se todos, alunos, famílias, funcionários da junta e membros das equipas dos parceiros. O senhor António, muito emocionado, acompanhou toda aquela agitação sentado na sua pedra.

Os adultos abriam buracos para as árvores e os mais pequenos calcavam e regavam as plantações. Havia um saco enorme de sementes que foram espalhadas. As nuvens prometiam uma chuvinha que vinha mesmo a calhar.

Orientado pelos filhos, um grupo de pais cavou um buraco para construir um charco e outro grupo, usando paus, pinhas, canas e outros materiais naturais, construiu um hotel para insetos.

O avô dos gémeos chegou ao fim da manhã com duas caixas-ninho que os mais altos colocaram, com muito cuidado, nas árvores mais altas. Trazia também um bonito e aconchegante banco de madeira.  As costas do senhor António já não eram como antes e a pedra não era muito confortável.  O banco foi colocado debaixo de uma das árvores mais altas, voltado para o centro do terreno. 

As crianças foram buscar o senhor António e acompanharam-no, da pedra ao banco, onde ele se sentou com um brilho nos olhos e lágrimas de felicidade.

Faltava só uma coisa para concluir este projeto! Com uma letra muito perfeita, com um pincel e tinta, a professora escreveu na pedra "Jardim das boas memórias".

A chuva veio, mansinha, uns dias seguidos, e o chão foi ganhando cor e vida. Ainda não era um tapete florido mas já o anunciava, convidando os insetos e os pássaros.

O senhor António tem agora um sítio onde pode descansar, admirar a Natureza e lembrar a sua infância. Aquele bocadinho de monte voltou a ganhar vida e tornou-se o local preferido para os piqueniques das famílias.

Ah! Agora os gémeos veem todos os dias o sorriso do senhor António que lhe acena, sentado confortavelmente no seu banco de madeira. 


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